sábado, 6 de março de 2010

Eleição como Salvação, Privilégio e Responsabilidade (Am 3.1-2)



Texto Bíblico:
1 Ouvi a palavra que o SENHOR 
fala contra vós outros, filhos de Israel,
contra toda a família 
que ele fez subir da terra do Egito, dizendo: 
2 De todas as famílias da terra, 
somente a vós outros vos escolhi;
portanto, eu vos punirei por todas as vossas iniqüidades.

Introdução
            Certa vez ouvi alguém dizer mais ou menos o seguinte: ´O que você entende por eleição? A compreensão correta da doutrina da eleição é muito importante, pois quando estou na ´gandaia´, é ela que me traz segurança, pois sou um eleito de Deus´. Infelizmente algumas pessoas pensam que a doutrina bíblica da eleição é a doutrina bíblica da legitimação da safadeza, da injustiça e do pecado sem arrependimento. Em outra ocasião ouvi alguém dizer mais ou menos o seguinte: ´Para que evangelizar? Segundo a Palavra de Deus os eleitos já estão eleitos, independente do meu esforço próprio; portanto, eu não evangelizo porque não preciso evangelizar!´. Infelizmente outras pessoas pensam que a doutrina da eleição é a doutrina da preguiça física e mental! Mas ela é exatamente o contrário!
            A doutrina bíblica da eleição não dá margem para a atitude de nenhum dos discursos exemplificados acima. Não é doutrina de vagabundos e de preguiçosos, de pecadores inveterados e de religiosos sem amor. A eleição afirma que a fonte da salvação é Deus e não o ser humano, mas ao mesmo tempo afirma que o ser humano que é alvo da eleição deve responder à graça da qual participa. Mas antes de continuar, vamos ouvir a voz do profeta Amós.

1) Eleição é salvação (v. 1b)
            O v. 1b fala sobre ´toda a família que ele (o SENHOR) fez subir da terra do Egito´. Esta é uma clara referência ao Êxodo, apresentado aqui como o evento fundador de Israel. O Êxodo é muito importante para a história de Israel, bem como à compreensão bíblica da eleição, por várias razões.
a) É no contexto do Êxodo que o SENHOR revela o Seu Nome à Moisés;
b) É no contexto do Êxodo que o SENHOR entrega sua Lei a Moisés.
c) O Êxodo é o grande evento de salvação do AT. O grande modelo de salvação, ou mesmo o evento mais importante de salvação no AT, é, segundo o próprio At, o Êxodo. Nele o SENHOR liberta os hebreus da escravidão do Egito, e os conduz à Terra Prometida, formando a partir de então uma grande nação. O Êxodo nos ensina que o sentido básico de salvação na Bíblia é o de libertação.
            Portanto, o v. 1 fala de eleição, e apresenta a eleição como libertação. Na Nova Aliança, Cristo nos liberta do poder do pecado, do diabo e da morte, através não apenas do próprio exemplo de vida sem pecado, mas especialmente pelo seu amor e poder na sua encarnação, vida, morte e ressurreição. É motivo de grande alegria ser um eleito de Deus! Deus é maravilhoso!

2) Eleição é um privilégio (v. 2a)
            Além de salvação, a eleição também é um grande privilégio. As Escrituras, consideradas como um todo, não dão razão à doutrina do universalismo, segundo o qual Deus, por ser bom, no fim das contas traz salvação à todos, indistintamente. O universalismo afirma mais ou menos o seguinte: homens e mulheres que pecaram podem alcançar a salvação, mesmo sem arrependimento. Vamos pensar num exemplo: Hitler. Foi o principal responsável pela morte de milhões de pessoas (judeus, deficientes físicos e mentais, homossexuais, etc.). Só de judeus foram cerca de 6 milhões! Como imaginar que alguém assim, que não se arrependeu de seus pecados e não caiu de joelhos aos pés da cruz, possa alcançar a salvação. Na verdade, segundo o Novo Testamento, nem mesmo um homem religioso e correto como Nicodemos pode pensar em salvação sem nascer da água e do Espírito (ou seja, sem a fé em Cristo e o batismo, no qual confessamos publicamente nossa fé em Cristo).
            O SENHOR, através de Amós, afirma que Israel fora eleito entre as nações. No Novo Testamento há uma diferenciação entre a Igreja de Cristo e o aqueles que vivem sem a graça de Deus. De fato, a eleição é um grande privilégio!

3) Eleição é uma grande responsabilidade (v. 2b).
            Aqui Amós faz uma afirmação impressionante e inesperada! O ´portanto´ do v. 2b liga os dois pontos anteriores à conclusão do texto, concluindo o seguinte: `Israel, você será punido pelas suas iniqüidades PORQUE você é eleito do SENHOR´!!! Este é o ponto alto do texto!
            Israel confiava na eleição, e encontrava na eleição grande segurança, apesar de viver na injustiça, na opressão, na violência, na idolatria, na maldade. Amós afirma, então, o seguinte: ´Não, Israel, não espere o Dia do Senhor, pois é dia de trevas, e não de luz (Am 5.18,20), pois você não tem vivido DE ACORDO COM A ELEIÇÃO!´.
            Amós ensina que a eleição é uma grande responsabilidade! Aquele que se considera um eleito de Deus deve andar de acordo com a justiça do Reino de Deus! Em outras palavras, a eleição exige de nós uma resposta. E isso não significa reduzir a doutrina da eleição ao legalismo, mas pelo contrário: é apenas a eleição que confirma a nossa liberdade!
            A graça de Deus na qual somos eleitos, perdoados, enfim, salvos, é a mesma graça que renova as nossas vidas, que quebra em nós todas as cadeias e grilhões (não apenas os exteriores, como foi o Êxodo, mas também os grilhões mais íntimos do coração). Por isso a eleição é uma grande responsabilidade, pois temos que responder à salvação de Deus através de uma justiça muito superior à dos escribas e fariseus (apenas externa)! É como afirma um dos textos clássicos acerca da graça de Deus, Ef 2.8-10: `Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isso não vem de vós, é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie. Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas´. Em outras palavras, a salvação dos eleitos é dom da graça de Deus e não resultado de obras humanas. No entanto, a graça de Deus derramada sobre nós para a salvação nos transforma, nos torna nova criação, ou nova criatura. Esta transformação interior vai se refletir exteriormente através de uma vida de justiça e santidade, nos conduzindo para as boas obras, as quais Deus de antemão (eleição) nos preparou para que andássemos nelas!

CONCLUSÃO
            A eleição é salvação e privilégio, mas é, ao mesmo tempo, uma grande responsabilidade. Os eleitos de Deus não estão isentos de uma vida de justiça, santidade e paz, mas muito pelo contrário: esse é o dever de todos os santos!
            Que Deus nos ajude, pela sua graça, a viver de acordo com a justiça do Reino de Deus, não na nossa própria força, mas pelo poder da vida de Cristo, nosso Senhor que ressuscitou dentre os mortos e nos chama à uma nova vida, em graça e verdade!

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